top of page

O que é o Tempo? Filosofia, saudade e o eco das memórias

  • Foto do escritor: Rafael Priveiro D'Abruzzo
    Rafael Priveiro D'Abruzzo
  • 25 de jul.
  • 2 min de leitura

O tempo não é objetivo, em algumas culturas é cíclico e hoje, no "ocidente" o vemos como linear, desde Santo Agostinho. Um tempo com começo, meio e fim. Mas independente de seu formato, ele é subjetivo.


As coisas estão envoltas em tempo*. Quando falamos que cada coisa tem seu tempo, isso tem um grau de realidade e verdade brutais. Um trabalho ou emprego tem seu tempo, um relacionamento tem seu tempo, o mesmo vale para amizades e tudo o mais. Algumas coisas tem um tempo muito diminuto, como uma boa surpresa, um flerte, um ataque cardíaco fulminante. Algumas duram muito tempo, seja uma duração de fato ou um eco na memória.


Os eventos e as pessoas passam e deixam um eco, uma lembrança ecoando em nós, boa ou ruim, mas, ainda assim, apenas um eco do que foram. A criança de ontem ecoa no adulto de hoje, o adulto no velho. Os que se vão ecoam nos que ficam. A saudade acontece quando o passado se torna mais forte que o presente, quando o vazio dentro de nós amplia a lembrança do que foi, obliterando o que é agora. Vai-se o ser, fica um devir distorcido.


Quanto mais espaço vazio, maior o eco. Algumas pessoas e eventos são tão avassaladores que, quando se vão, levam tanto de nós e deixam tanto vazio no lugar que parece que ficaram, que sequer foram embora. Mas são apenas ecos, fortes ou fracos.


O tempo não é objetivo, o tempo somos nós, marcados pelas coisas e pelos vazios que nos constituem, sempre ecoando até que nos tornemos, nós mesmos, apenas lembranças para os demais e até que aqueles que nos permitiram ser ecos, passem a ecoar eles próprios em outros. Alguns ecoam por muito tempo por seus feitos ou pensamentos, outros são menos privilegiados. Aquele bebê que não chegou à primeira infância vai ecoar em algumas vidas, talvez apenas na de sua mãe, e só. Um eco pequeno, efêmero, um eco de saudade, como estamos todos fadados a ser um dia.


Quando nenhum de nós estiver mais aqui, os vazios que nos constituem também cessarão de existir e o tempo, talvez, volte a ser apenas uma variável matemática. Até lá, para quem é hoje, nós somos o tempo e a medida do nosso tempo é a saudade. Saudade de tudo, dos outros. Saudade de nós mesmos.

Imagem de vários relógios amontoados

Comentários


bottom of page